O rapaz não viu
O sinal aberto.
Pelo o meio da rua,
Ficaram os seus chinelos…
Pela a rua a fora
Um sangue escorreu.
No sinal fechado
O rapaz morreu...
O rapaz não viu
O sinal aberto.
Pelo o meio da rua,
Ficaram os seus chinelos…
Pela a rua a fora
Um sangue escorreu.
No sinal fechado
O rapaz morreu...
Vagões cheio de cadáveres…
Corpos nus,
Amontoados…
Um cheiro fétido sobe como fumaça…
As viúvas e os órfãos
Aguardam para enterrar seus pais e maridos…
Choram,
Sofrem horas antecipadas.
O tempo passa.
Os cadáveres se decompõem
Sobre um chão prateado.
O maquinista aflito
Conta os segundos para
Chegar na estação.
Insetos principiam a comer os tecidos
E os corpos dos mortos.
Insetos também comem os ossos…
horas depois,
o trem pára.
O maquinista abre as portas dos vagões
E o cheiro sai pelas janelas…
As viúvas e os órfãos
Veem apenas ossos amontoados.
O maquinista pega um carrinho
Os coloca dentro
E os enterram num cemitério ao lado…
Copiosamente as viúvas e os órfãos
Choram os mortos não velados….
Quando eu vejo
sobre uma poça,
dois sapatinhos.
Imagino lindos barquinhos
navegando nas águas
tranquilas de um rio…
Eu fiquei só
Como nuvem branca
Vagando solitária sob um céu azul...
E eu,
Como uma nuvem,
Encho,
Peso,
Escureço,
E chovo!
Um velhinho com roupa e gorro vermelhos,
Barba e cabelos brancos
E um saco repleto de presentes para a garotada...
(Presentes que elas pediram numa carta)
De madrugada,
O velhinho entra por uma chaminé,
os coloca em baixo da árvore
E sai de fininho…
Na manhã seguinte,
A criançada acorda
E vêem um monte de pacotes em volta.
Os meninos pegam,
Rasgam
E pasmam com as surpresas que ganharam...
Á noite,
As pessoas olham para um céu estrelado
E vêem o velhinho indo embora com suas renas e trenó,
acenando lá para baixo...
Um ano depois,
(Como em todos os anos)
repetir-se-á sempre
a mesmíssima estória!
A britadeira na obra aqui ao lado,
Atritando no meu corpo...
É um atritar que não cessa.
O pedreiro pega a minha cabeça,
A escora numa tábua,
prende o meu pescoço
E diversas vezes golpeia.
Eu estou com a janela aberta,
Dentro do meu quarto,
Escutando aqui ao lado,
A não melodia dos operários!
Um cowboy está no campo a cavalo…
Ao longe,
Ele vê um bezerro estirado no pasto
Enrolado em mil arames farpados.
O moço apeia,
E chegando mais perto,
Ele constata
A agonia do animal.
Abaixa,
E com uma faca,
Desesperado,
Tenta cortá-los,
Tentando salvá-lo,
Mas já é tarde.
Ambos sentindo muitas dores,
O rapaz se levanta,
Saca uma arma,
Fecha a cara
E dispara!